
Como os satélites comerciais passaram a “ver” a Terra ao pormenor
O operador finlandês de satélites Iceye usa uma extensão dos satélites de radar estáticos para captar imagens que parecem ter vida.
A Iceye está a lançar pequenos clipes de vídeo de 20 segundos onde vemos aviões a andar em pistas de aeroportos ou mesmo fábricas a operar nos EUA. A empresa recorre a tecnologia SAR (a sigla em inglês de Radar de Abertura Sintética), para ver a partir do espaço aquilo que se passa à superfície, independentemente das condições de luz ou meteorológicas. O CEO Rafal Modrzewski explica que esta é uma nova funcionalidade poderosa e que o seu vídeo preferido é o de uma mina no Utah onde se conseguem ver os camiões e escavadoras em movimento.
Num dos vídeos produzidos pela Iceye, é possível ter uma ideia do grau de detalhe alcançado pelos radares de abertura sintética que orbitam a bordo da constelação Iceye.
Para conseguir este feito, a Iceye aponta os seus satélites para uma localização única e mantém essa posição fixa durante 20 a 25 segundos para dar a conhecer imagens da superfície da Terra com um detalhe raro para uma constelação de satélites comercial.
Depois, a operadora de satélites recorre a software para processar conjuntos individuais de dados em múltiplos frames separados e corre-os juntos, tornando-se a primeira empresa privada a conseguir dar este tipo de visão, noticia a BBC.
Modrzewski mostrou-se entusiasmado com a possibilidade de poder obter mais informações e dados pelo facto de as imagens terem proveniências diferentes e terem sido captadas de ângulos ligeiramente diferentes.
Para o Dr. Ralph Cordey, especialista em observação da Terra da Airbus, a tecnologia ainda tem de demonstrar a sua utilidade. Este especialista recorda que o setor militar pode fazer uso desta novidade para mostrar alvos em movimento e localiza-los num mapa.
“A próxima questão é o que é que vamos fazer com esta informação”, afirma Cordey. O setor financeiro pode, por exemplo, usar este tipo de imagens para verificar, de forma independente, a atividade e produtividade em instalações como minas e fábricas.
A Iceye já tem quatro satélites a fazer este tipo de captação, vai lançar outros seis a oito antes do final do ano e espera ter uma constelação de 18 em breve.
Com o baixar de custos dos componentes eletrónicos miniaturizados, com o advento da computação na nuvem e com a facilidade de acesso aos lançamentos de foguetões, cada vez mais empresas estão a juntar-se ao segmento de radares espaciais, até aqui exclusivos do ramo militar e das grandes agências.
A Capella Space, empresa espacial dos EUA, já tem um satélite em órbita e espera colocar mais seis ainda este ano e quer também tirar partido da SAR: “estaremos numa ótima posição, não só por causa da nossa imagem de alta resolução, mas por causa do serviço que estamos a preparar para apoiar os nossos clientes”, disse Payam Banazadeh, CEO da Capella.
Fonte:Visão