Hoje é o Dia do Trabalhador. Sabe a história por trás do 1º de Maio?
Todos os anos juntam-se milhares de pessoas nas ruas, mas hoje a pandemia da Covid-19 obriga a um Dia do Trabalhador diferente do habitual. Afinal, como surgiu este feriado?
O dia 1 de maio não é feriado em todo o mundo. Alguns países, como a Austrália e os Estados Unidos nem sequer o reconhecem.
O caso é particularmente curioso nos EUA, porque o dia do trabalhador celebra precisamente a memória de trabalhadores de uma cidade daquele país, Chicago, quando em 1886 se reuniram na rua para se manifestar em prol da redução da carga horária de trabalho para oito horas por dia.
No seguimento desses protestos, uma escaramuça ocorreu entre manifestantes e agentes policiais, o que levaria à morte de três pessoas. No dia seguinte, uma nova manifestação foi organizada em protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba contra os polícias que tentavam dispersar os manifestantes. As autoridades abriram fogo sobre a multidão e no tiroteio que se seguiu resultou a morte de sete polícias e pelo menos quatro civis, além de ferir vários outros.
Cinco sindicalistas foram condenados à morte e três condenados à prisão perpétua, num acontecimento que passou a ser conhecido como "Revolta de Haymarket".
(Convocatória para Protestos de Chicago em Maio de 1886)
Sangue de Chicago chega a Paris
Em 1889, em Paris, a segunda Internacional Socialista decidiu passar a celebrar anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pela jornada de 8 horas de trabalho. O dia escolhido para a manifestação foi precisamente o dia 1 de maio, em homenagem aos combatentes de Chicago. Com o mote: "8 horas de trabalho, 8 horas de descanso e 8 horas de sono", os franceses saíriam também à rua, mas não sem serem violentamente atacados pela polícia, resultando também, destes protestos, várias mortes civis.
("8 horas de trabalho, 8 horas de descanso, 8 horas de sono")
O senado francês, eventualmente, muitos anos depois, em 23 de abril de 1919, após várias lutas, haveria por tornar mandatória a jornada de 8 horas de trabalho, algo que um ano mais tarde seria imitado pela União Soviética e progressivamente implantado em muitos países europeus.
Por isso, se hoje alguns conseguiram descansar, agradeçam a alguns americanos que há mais de cem anos decidiram lutar pelo direito às 8 horas de trabalho por dia com as suas próprias vidas.
Até hoje, o governo dos Estados Unidos nega-se a reconhecer o 1º de maio como o Dia do Trabalhador.
Em Portugal, o 1º de Maio torna-se feriado após a Revolução dos Cravos
Em Portugal, só a partir de maio de 1974, depois da Revolução do 25 de Abril, é que se voltou a comemorar livremente o 1º de Maio, que passou a ser feriado nacional. Durante a ditadura do Estado Novo, a comemoração era reprimida pela polícia.
Este dia é comemorado em todo o país com manifestações, comícios e festas de caráter reivindicativo, promovidos pela central sindical CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses) nas principais cidades de Lisboa e Porto, assim como pela central sindical UGT (União Geral dos Trabalhadores).
No Algarve, na Madeira e nos Açores fazem-se piqueniques e são organizadas algumas festas alusivas à data.
("Diário de Lisboa - 29 de Abril de 1974")
Este ano, o Dia do Trabalhador é comemorado de forma diferente devido à pandemia da Covid-19. As centrais sindicais reinventam novas formas de luta e garantem não deixar passar esta data em branco.
A CGTP mantém as ações de rua em 24 localidades, com menos gente, e respeitando as normas de segurança e distanciamento social. Já a UGT prefere não arriscar, criando movimentos nas redes sociais.
As cidades de Lisboa e Porto serão, como habitualmente, os principais pontos das comemorações, mas sem as emblemáticas manifestações e desfiles.