
Bolsonaro defende trabalho infantil
Chefe de Estado do Brasil usou a história pessoal da sua infância para argumentar que o trabalho não prejudica as crianças.
Jair Bolsonaro, numa transmissão em direto na página oficial do facebook, defendeu que o trabalho não prejudica as crianças, usando o seu próprio exemplo para fundamentar os argumentos que apresentou.
“Posso confessar agora, se bem que naquele tempo não era crime. (…) Eu, com nove, dez anos de idade, quebrava milho na plantação e quatro, cinco dias depois, com sol, ia colher o milho. (…) Não fui prejudicado em nada. Quando alguma criança de nove, dez anos, vai trabalhar em algum lugar, está cheio de gente falando que é trabalho escravo, trabalho infantil”, afirmou Bolsonaro.
Depois de uma reação negativa por parte de vários órgãos brasileiros e também da população, o Chefe de Estado do Brasil responsabilizou a esquerda pela polémica, afirmando que esta lhe atacou por defender a cultura de trabalho desde cedo. “Se eu estivesse a defender sexualização e uso de drogas, estariam a idolatrar-me. Essa é a verdade”, reforçou.
A associação de magistrados mencionou ainda os traumas psicológicos dos menores, advindos “do amadurecimento precoce, do enfraquecimento dos laços familiares e do prejuízo ao desenvolvimento da escolaridade, e, consequentemente, das oportunidades”.
“Insiste o Presidente da República em condenar a infância e a adolescência brasileiras ao surrado argumento do ‘ou trabalha, ou vai roubar”, argumentou a associação.
Também o Ministério Público foi contra as palavras proferidas por Bolsonaro, colocando uma série de mensagens contra o trabalho infantil, através da campanha “Bom Trabalho Pra Você”, em defesa do trabalho digno no país sul-americano, na rede social Twitter.
“Lugar de criança é na escola. O trabalho infantil, proibido pela legislação brasileira, prejudica o desenvolvimento psicológico e físico da criança. (…) O trabalho infantil também perpetua o ciclo da pobreza: quanto mais precoce é a entrada no mercado de trabalho, menor é a renda obtida ao longo da vida adulta”, escreveu o Ministério Público do Trabalho.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), em 2016, 1,8 milhões de crianças e adolescentes, com idades entre os 5 e 17 anos, trabalhavam no Brasil com carga horária média semanal de 25,3 horas, a maioria em situação ilegal.