
Controlar objetos com a mente? Já começa a ser possível com tecnologia
Pode parecer uma utopia de um filme de ficção científica, mas o futuro já está aí à porta.
Ananya Chadha é uma adolescente de apenas 16 anos e cria dispositivos que ligam o cérebro a computadores. O seu trabalho vai ainda no início, mas esta jovem canadiana, apoiada pela Microsoft, promete ser a grande pioneira neste tipo de tecnologia.
Há uma jovem prodígio a trabalhar numa área verdadeiramente revolucionária. Ananya Chadha poderia ser como a maior parte das adolescentes da sua idade e estar apenas centrada com a sua imagem no instagram, mas esta adolescente sente que está aqui para fazer a diferença e sabe que o seu tempo é mais valioso do que isso.
Parece tratar-se de um dos futuros grandes génios da humanidade, se é que com a tenra idade de 16 anos já não é mesmo. Entre as suas criações, a maior parte protótipos, destacam-se carros controlados remotamente pelo cérebro, leitores de música controlados cerebralmente e próteses de braços.
Estes são apenas projectos de conceito. A investigadora canadiana almeja um dia ter trabalhos que sejam impactantes e que ajudem bilhões de pessoas. Está a abrir caminho numa área onde não existe ainda muitos precedentes. É uma limitação que está a tentar dirimir. “Ainda há muito a fazer nas interfaces cérebro-computador. Ainda são precisos muitos desenvolvimentos tecnológicos”, afirma.
Atualmente este tipo de tecnologia faz uso de hardware como EEG (Eletroencefalografia), um método de monitorização eletrofisiológico que é utilizado para registrar a atividade elétrica do cérebro, no qual se colocam elétrodos na cabeça das pessoas para captar sinais cerebrais e também implantes de aparelhos de ressonância magnética, “e a partir daí, conseguimos recolher dados, passá-los por algoritmos de aprendizagem automática, obter informações e usá-las para controlar próteses, etc…”
Mas há um entrave que está a tornar o trabalho de Ananya Chadha mais difícil. Segundo a jovem cientista o problema é que a tecnologia atual, “o nosso hardware é muito mau, pelo que é muito difícil captar sinais cerebrais corretos”. É aqui que quer contribuir para acelerar este processo. “Estou tão empenhada nesta área, mesmo sabendo que ainda há um longo caminho pela frente, porque, quando penso em mim, quero trabalhar em algo durante uns 20 anos. Tenho todo um futuro à minha frente. Acho que, mesmo que esta tecnologia avance nos próximos 5, 10 anos, continuarei a ter o conhecimento de base e a ser nova o suficiente para marcar a diferença nesta área”, afirma.
A cientista canadiana desde cedo revelou uma proatividade fora do comum. Começou por comprar equipamento e peças na internet, “para ver se conseguia construir algo em casa. Porque é quando estou a construir que aprendo melhor”.
Ananya Chadha acabou por “passar horas ao computador, a fazer programação, a ligar a pessoas da indústria para que me ajudassem”, até que conseguiu construir um braço artificial controlado pelo cérebro. A área da Saúde é, aliás, uma das que mais motiva Ananya. “As pessoas têm usado a tecnologia nas próteses porque, se implementarmos dispositivos no cérebro, podemos captar os sinais de como gostaríamos de mexer o braço. Se uma pessoa não tiver um braço, podemos captar esses sinais e transferi-los para um braço prostético, para poder recuperar a funcionalidade”.
TELEPATIA?
Mas para Ananya Chadha, este é apenas o início de um mundo de possibilidades. E é aqui que as coisas ficam um pouco mais mirabolantes, pelo menos aos olhos do presente. “Já se está a trabalhar na comunicação cérebro-cérebro. Em vez de eu estar a falar com outra pessoa, ela saberia logo o que eu dizer. É de loucos mas os cientistas estão a trabalhar nisso e já há dispositivos primitivos de comunicação cérebro-cérebro”, afirma a investigadora que acredita ainda que na década de 30 deste século “podemos ter todos chips ou implantes cerebrais que nos permitirão ser mais inteligentes, melhores e descarregar informação” uns dos outros.
É uma tecnologia que tem o potencial para mudar completamente o mundo, mas nesse sentido, convém já colocarem-se questões éticas para saber até que ponto estar tecnologia deverá ir. “Há perguntas fundamentais que são muito importantes colocarmos. Por exemplo, o nosso cérebro pode ser alvo de um ataque informático?”, ou poderão as pessoas trabalhar em mudar a maneira como as nossas emoções funcionam?
“O governo dos EUA está a conduzir um estudo em que tentam desenvolver implantes de controlo das emoções para tentar curar problemas como stress pós-traumático. Mas se levarmos isso mais longe, as pessoas perguntam se todos este progresso no desenvolvimento humano está realmente a tornar-nos mais felizes. Estas perguntas são realmente muito importantes, quando pensamos em criar um mundo onde queiramos viver”.
A canadiana de 16 anos frisa a importância da internet para a sua investigação. Há uma década teria sido impossível para ela, diz, ter aprendido sobre esta matéria, sem tirar primeiro um doutoramento, mas agora “graças a toda a informação disponível nesta era da informação, é possível alcançar esse conhecimento” e poder trocar informações com o máximo número de pessoas possível. Isso reflete-se no número cada vez maior de jovens e adolescentes que se debruçam sobre matérias pioneiras, “e que podem mudar o mundo”.