Ele? Sim...
Agora é a sério: O Brasil escolheu Bolsonaro, candidato do discurso fascista.
É oficial: Jair Bolsonaro é o novo presidente do Brasil com sensivelmente 55% dos votos. Os resultados foram divulgados às 22h00 de Portugal Continental.
O candidato, que disse ser contra a democracia e que afirmou que gostaria de instaurar uma ditadura militar - "Seria excelente para o país", não escondeu a sua admiração por Adolf Hilter. "Foi um grande 'estrategista'", disse há uns anos. Estas são apenas algumas das frases do agora novo presidente do Brasil, ex militar que foi expulso do exército em 1987 por alegadamente ter planeado atos de terrorismo.
POLÉMICO
O candidato da extrema direita afirmou que a ditatura militar não matou e torturou gente que chegue, chocando mais de meio mundo com frases de teor altamente racistas, machistas, homofóbicas e muitas delas apelando para a violência. O novo presidente do Brasil tem mesmo como imagem de marca simular tiros com os dedos, num gesto que repete até à exaustão e que tenta recriar até com mãos de crianças.
RELIGIÃO E ARMAS PARA TODOS
É no armamento que residiu um dos mais fortes pontos da campanha de Bolsonaro, pretendendo facilitar mais a sua venda mesmo apesar de o Brasil se tratar das nações com maiores índices de criminalidade do mundo. A ideia captou uma vasta franja do eleitorado, com uma ânsia de justiça de se defender de uma crise que não parece perceber bem de onde é que veio.
DO "ELE NÃO", AO "AGORA ELE"
Bolsonaro apareceu como um figura quase caricatural, alguém que parecia ser impossível chegar a presidente, mas o Brasil com os recentes escândalos do "Lava Jato", o impeachment de Dilma, a presidência de Temer, a liderança de Lula da Silva nas sondagens (mesmo concorrendo da prisão), tornou-se nisso mesmo - numa caricatura de si mesmo e o ambiente perfeito para alguém fora do círculo político normal triunfar.
Ironia do destino, e caricaturas ainda envolvidas, o português José Pinto Coelho, líder do Partido Nacional Republicano (PNR) de alinhamento ideológico de extrema-direita, claramente contra os imigrantes no país, não se inibiu de abraçar brasileiros em Portugal que apoiavam Bolsonaro num gesto contra a sua linha ideológica. O ato foi escarnecido um pouco por todas as redes sociais, mas em Portugal os brasileiros radicados nos nosso país deram-lhe uma clara vantagem, com uma vitória de 64,4%.
MINORIAS, CURVEM-SE
"As minorias têm que se curvar perantes as maiorias" - A expressão resume da forma pragmática a doutrina fascista, tendo sido proferida por mais do que uma ocasião por Jair.
A cisão no Brasil é neste momento demasiado grande e neste momento é altamente provável que venham a existir um ambiente tenso no país nos próximos dias.
ACABARAM-SE AS NOVELAS. AGORA É A SÉRIO
Se as Terras de Vera Cruz, causavam-nos tanto charme e fascínio, as coisas podem bem mudar. Uma onda massiva de emigração daquele país para o nosso poderá ser apenas mais um destes danos colaterais, cenário que deverá ser de díficil absorção para Portugal que vem recuperando de uma severa recessão.
Em suma, o Brasil mais do que um partido corrupto que sai derrotado vê a democracia e a esperança no modelo político contemporâneo destronado.
O HERÓI QUE NÃO FOI
Ciro Gomes, único candidato que optou por um discurso maioritariamente positivo, não saiu do terceiro lugar e recusou-se a apoiar Fernando Haddad. O caso faz lembrar o de Bernie Sanders nos EUA, embora este tenha apoiado Hillary Clinton contra Donald Trump na eleições secundárias. Mas a parte significativa da culpa não pode ser omitida do Partido dos Trabalhadores numa altura em que o Brasil estava a dar sinais de crescimento e entrou numa espiral de corrupção que veio a ser descoberto pelo processo "Lava Jato".
Bolsonaro pode assim ser o homem certo para o naufrágio perfeito... ou então, mostrar-se, agora, inesperadamente comedido, e apenas um bom estratega, tal como era Hitler... (na sua opinião).