Dizer não ao glúten afinal não é apenas uma moda
Os investigadores da área da alimentação andam a tentar perceber se não comer glúten é uma tendência ou se haverá um fundo científico por trás dos distúrbios digestivos associados a esta proteína.
Seis em cada dez portugueses preocupa-se com a saúde e bem-estar, uma preocupação que se reflete na hora de comprar e consumir determinados alimentos. Quem o diz é um estudo “Have you met the new consumer?”, levado a cabo pela Deloitte. 68% dos consumidores estão disponíveis para gastar mais dinheiro em produtos que contém ingredientes não desejáveis, como o glúten, açúcar e lactose.
Um painel de especialistas internacionais, em 2011, reconheceu que existe outro tipo de reação à proteína do trigo, além da doença celíaca, nomeou-a de “sensibilidade não celíaca ao glúten”, aquilo a que chamamos de intolerância. Os problemas associados são “a ausência de métodos de diagnóstico e a ainda escassa literatura científica existente”. Acredita-se que “o aumento destes casos se deva ao tipo de alimentação atual, ao excesso de comida à base de trigo, centeio e cevada (a fast food faz parte deste grupo), ao glúten que é adicionado a uma série de produtos e à má qualidade dos cereais”.
William Davis, cardiologista americano, autor do besteseller Sem Trigo, Sem Barriga, vai mais longe: "O trigo não é o mesmo que comíamos há 50 anos. Ele é manipulado geneticamente ou, para ser mais preciso, usam-se técnicas de mutagénese química, com efeitos em quem o consome, especialmente por causa da proteína gliadina, que revelou ser um estimulante de apetite. Especulando, acho que a indústria agroalimentar descobriu isso mas, em vez de avisar os consumidores, passou a adicioná-la a toda a comida processada. Depois, as pessoas não conseguem controlar o apetite, ficam obesas e o Governo culpa-nos de sermos preguiçosos."
Entre a 6 a 8% da população concorda com estas afirmações e opta por não colocar o glúten no seu carrinho, pois mesmo não tendo a doença celíaca, queixam-se de sintomas similares como gases, dores de estômago, cólicas, diarreias, fadiga e inchaço.
Os agricultores usam o controverso pesticida glifosato nos dias anteriores à colheita do trigo. Anteriormente, utilizavam os tradicionais químicos recorrendo a “conservantes e outros sintéticos para aumentar a durabilidade do pão e outros produtos do género”. Vários investigadores referem que existem inúmeras queixas de perturbações gástricas.
Em Portugal, recorre-se cada vez mais a um pão sem aditivos, fermento vivo e alimentado de água e farinha. O caminho é este ou então, substituir as farinhas mais comuns por espelta, que caiu em desuso, e não tanto com produtos ditos de glúten free. Estes têm mais gordura e açúcares, além dos tais aditivos usados pela indústria alimental em geral.