
Quando é que uma erupção termina?
Os cientistas estão a trabalhar para tentar prever essa data. Para isso, olham para três grandes parâmetros: sismos, dióxido de enxofre e deformação do terreno.
Ainda não é possível dizer, com certeza, o dia em que a erupção do vulcão de La Palma chega ao fim e em que esta ilha espanhola poderá começar a regressar à normalidade. Porém, os cientistas estão a trabalhar para tentar prever essa data. Para isso, olham para três grandes parâmetros: sismos, dióxido de enxofre e deformação do terreno.
De acordo com o La Vanguardia, são estes os dados que ajudam os cientistas a compreender melhor a evolução de uma erupção, uma vez que são indicadores daquilo que se passa no interior do vulcão. A mesma publicação adianta que, para já, nenhum deles sugere que a erupção está próxima de terminar.
Terramotos: quantos, onde e de que magnitude?
O primeiro dado a analisar diz respeito aos sismos decorrentes da erupção. Segundo explica Luis Somoza, do Instituto Geológico e Mineiro de Espanha, um abrandamento da atividade sísmica será sinal de que o magma está a estabilizar no subsolo, em vez de estar a «bater à porta do vulcão para sair».
Contudo, há erupções em que a atividade sísmica se mantém até ao final e, em alguns casos, pode até prolongar-se para lá do fim. Para já, em La Palma, o cenário continua a ser de agitação, havendo registo de 19 terramotos suficientemente fortes para serem sentidos pela população só no prazo de 48 horas.
Dióxido de enxofre
Descrito como o “mensageiro do magma”, o dióxido de enxofre (SO2) é apenas um dos gases expelidos por um vulcão quando está em erupção. O La Vanguardia indica que analisar estes gases é como uma biópsia ao material que está no subsolo, mas que este é mesmo o mais importante, já que é particularmente abundante e que chega diretamente do magma.
«Se o conteúdo do SO2 emitido decresce, pode ser um indício de que o magma se está a esgotar», explica Joan Martí, do Instituto de Geociências de Barcelona (CSIC). É, por isso, visto como o dado que melhor anuncia o possível fim da erupção – embora nada seja definitivo.
Deformação do solo
Esperar que a ilha “desinche” é o segundo dado a que os cientistas prestam atenção. O La Vanguardia explica que a erupção em La Palma teve início quando o solo cedeu devido à pressão do magma que se foi acumulando por debaixo da ilha ao longo de várias décadas.
Observações anteriores mostram que a erupção deverá terminar quando o magma deixar de empurrar o solo para cima, fazendo com que a ilha volta ao seu estado normal. Este comportamento está a ser monitorizado diariamente pelos cientistas, tal como um médico acompanha a pressão arterial de um doente.
Contudo, também aqui há um “mas”: se, no processo de deformação, o terreno tiver dado origem a ruturas, é possível que demore mais tempo a recuperar. Ou seja, por si só, não será um indicador fiel de fim da erupção.
Fonte: Multinews