Porém, ainda haverá ganhos um pouco mais expressivos em termos percentuais em níveis de rendimento mais baixos, embora numa retenção de receita fiscal absoluta menor. Um contribuinte a ganhar 1500€ pode esperar um aumento de 0,6% nos valores limpos que tira ao final do ano. Sendo solteiro e sem filhos, a poupança será de 90,15€, e sendo casado, com tributação conjunta e dois filhos, o ganho face à posição atual junto do Fisco será de 180,30€.
Já um pouco mais abaixo, os rendimentos de 1300€, em torno do rendimento médio nacional, melhoram o rendimento líquido em 0,5%, com mais 67,75€ para solteiros sem filhos e 135,50€ no caso de contribuintes casados com dois filhos.
Este resultados estão em linha com as próprias simulações do Governo, na proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), que apontam para poupanças absolutas mais elevadas nos intervalos de rendimentos de 50 mil a 80 mil euros anuais (3571 e 5714€ mensais, respetivamente). Vão de 170 a 195€ os valores retidos.
Mas, os quadros do Governo fazem as contas também aos ganhos relativos recuando a 2017 (antes do desdobramento para os atuais sete escalões de IRS, que passarão a nove), concluindo que em todo o processo de reforma de IRS, nesta e na última legislatura, os rendimentos mais beneficiados situam-se entre 15 mil e 20 mil euros anuais (1071 a 1429€ mensais). Para estes, o ganho relativo atinge 13% em 2022, com 201€ de poupança na revisão de 2018, e de 47€ adicionais em 2022. Já os rendimentos mais elevados, acima de 50 mil euros anuais e até aos 80 mil euros, sairão da reforma de escalões de IRS com um ganho relativo de apenas 1% desde 2017, e poupanças absolutas acima de 300€.
Acima do 3.º escalão
Mas, entre os rendimentos mais baixos, desta vez, não haverá diferenças a assinalar no rendimento líquido de 2022 se comparado com o de 2021. As tabelas de IRS só começam a mudar a partir do 3.º escalão e dos 10 736€ anuais de rendimento, com abaixamento de taxa para os 26,5% até aos 15 216€, e descida também para uma taxa marginal de 43,5% dos 36 757€ até aos 48 033€ de rendimento. A este efeito, juntam-se reduções ligeiras nas taxas médias aplicadas em toda a parte superior da tabela, com a progressividade do imposto a garantir melhorias maiores para o conjunto dos rendimentos mais elevados.
Ajustar à inflação
O ministro das Finanças não põe de parte uma atualização dos escalões de IRS em linha com a inflação. Caso contrário, poderá haver uma perda de poder de compra para quem tenha aumentos em linha com a subida de preços.
Retenção na fonte
O impacto da revisão dos escalões irá ocorrer já em janeiro de 2022. O Governo assegura que as tabelas de retenção na fonte serão atualizadas para refletir "integralmente tanto quanto possível" os novos escalões.