Quem é Ivo Rosa, juiz que ilibou Sócrates?
Solteiro, sem filhos. Focado na carreira e metódico, assim descrevem as pessoas nos círculos mais próximos de Ivo Rosa, nome do momento, após ter ilibado José Sócrates da maior parte dos crimes pelos quais estava a ser investigado.
Ivo Rosa é madeirense e é um juiz acostumado a grandes casos, tais como o da EDP em que acabou por anular a caução dos administradores Manuel Pinho e Carlos Mexia, ambas em torno de 1 milhão de euros.
Nesse caso, o juiz entendeu que as suspeitas que existiam sobre os dois homens fortes da EDP não eram sólidas. Ainda nesse caso, segundo sua determinação, Manuel Pinho não seria alvo de buscas e os dados bancários de António Mexia não seriam ser alvo de escrutínio por parte do Ministério Público.
Num dos seus casos mais polémicos, entre 2008 e 2009, Ivo Rosa ilibou 12 arguidos acusados de associação criminosa, roubo agravado, furto qualificado, posse de arma proibida e tráfico de droga e mais de 100 assaltos em todo o País, por falta de evidências que considerasse incriminatórias, tendo apenas o líder do gangue, sido condenado a uma pena de prisão de dois anos e seis meses, por tráfico de droga.
“PRESCREVEU”
No caso “Operação Marquês” em que se julgava o antigo primeiro-ministro José Sócrates por corrupção, fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, Ivo Rosa teceu que as alegadas relações corruptivas entre José Sócrates e Ricardo Salgado ex-presidente do BES, estavam prescritas.
O juiz considerou ainda ter existido corrupção passiva de Carlos Santos Silva a José Sócrates, com o objetivo de “comprar a sua simpatia”, um crime que é previsto na lei, mas que terá “prescrito”.
Desta forma, dos 31 crimes pelos quais José Sócrates era acusado apenas 6 remanesceram na corte, 3 de branqueamento de capitais, e 3 crimes de falsificação de documentos, entre os quais o “arrendamento simulado do apartamento de Paris”
Em causa, no “Processo Marquês”, estavam 189 crimes, havendo suspeita de que José Sócrates teria recebido, entre 2005 e 2015, em torno de 34 milhões de euros, com vista a supostos favorecimentos a interesses de Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santo (GES) e na PT.
O juiz considerou a fortuna da mãe de José Sócrates guardada “num cofre” e que esta emprestava ao ex-primeiro ministro para que ele passar “férias” suspeita, mas não terá feito nenhuma ordenação.
Julgava-se também os contornos da concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento turístico Vale do Lobo.
O Ministério Público alega que irá recorrer ao caso, afirmando que o “juiz cometeu graves erros na apreciação da prova e na aplicação do direito”.
Ivo Rosa já se gabou em entrevista concedida à RTP Memória de nunca ter tido um processo atrasado e nunca ter tido uma decisão fora do prazo. “Sou muito exigente comigo próprio”, afirmou então à estação.
“O PROCESSO”
José Sócrates afirmou que “prenderam e difamaram durante 7 anos um inocente”, dando a entender que poderá entrar em contendas judiciais por difamação.