
Quer ajudar o SNS? Saiba como
Não dá mais para ficar de braços cruzados, em frente a um ecrã, a ver o mundo a desmoronar. Deixamos aqui ideias para dar um empurrão para isto passar mais depressa - ou pelo menos melhor.
A situação nos hospitais está a um passo do descontrolo, se é que, em muitos casos, esse passo já não foi dado. E custa nada fazer, além de ficar em casa, evitar contactos desnecessários, usar máscara, desinfetar as mãos e manter o distanciamento social – e a calma, já agora. Tudo isso são ações a que nos habituámos há meses e agora soam a pouco, quando o cenário é o que nos entra pelos olhos adentro. Por isso, damos-lhes três boas razões para fazer a diferença, ajudando:
Uma cama também pode ser solidária
A iniciativa Cama Solidária, que desafia pessoas com autocaravanas e afins a cederem-nas para que os profissionais de saúde possam ter umas horas de descanso, tem dias. Só sábado, dia 23, arrisca num teste-piloto, em frente ao hospital Amadora-Sintra, com quatro veículos abertos ao pessoal que ali trabalha. A agência de conceitos UppOut habituou-se a iniciativas do género, no anterior confinamento, como foi o caso da Acolhe um herói ou Acolhe uma refeição. Ficou com uma base de dados rica, com contactos de grande parte dos profissionais de saúde. Esta agenda vem agora dar-lhe jeito, como explica Ricardo Pagaio, um dos mentores desta ideia, porque é para esses números que vão enviar um link para uma app por eles desenvolvida, que servirá para estarem a par da disponibilidade da caravana.
“As pessoas andam muito tristes e os profissionais de saúde exaustos. Em poucos dias, conseguimos reunir 400 autocaravanas. Até tivemos de recorrer a mais duas pessoas para nos ajudar”, conta, satisfeito com a adesão. Ao mesmo tempo, também registaram no site a disponibilidade de 400 pessoas para voluntariado, que pode ir desde limpar os carros, a doações de lençóis ou gerir a ação no local.
“Não vamos poder estar estacionados à porta dos hospitais durante a noite, por causa de uma lei recente que impede estes veículos de ter pessoas lá dentro durante a noite, se não estiverem em parques de campismo. Por isso, também já estamos a pedir que quem tenha terrenos perto de hospitais que os ceda para irmos lá estacionar”, acrescenta Ricardo.
O entusiasmo é tão grande quanto o receio de falhar no dia 1. Mas vale-lhes a doação de lençóis de um hotel e a oferta de massagens por um grupo farmacêutico, que serão disponibilizadas na caravana a quem queira relaxar entre turnos, por exemplo, ou simplesmente fazer um intervalo num dia de loucos.
Para fazer doações ou tornar-se voluntário da Cama Solidária basta enviar um mail para [email protected] ou inscrever-se diretamente no site da campanha solidária.
O sangue é sempre preciso
O apelo tem três dias, mas os números já enchem de orgulho Maria Antónia Escoval, presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação IPST). E não é para menos. Os relatos de filas de espera, que chegavam a três horas, ao frio e à chuva, resultaram em 3808 unidades de sangue recolhidas em todo o País (o que significa muitos mais dadores, mas nem todos preenchem os requisitos necessários). Para melhorar o serviço, abriu-se mais um local no parque da saúde de Lisboa, puseram-se mais equipas no terreno e os horários também se alargaram.
O IPST tem três centros, onde se dão a maior parte das recolhas, mas também há hospitais que o fazem. No entanto, é exatamente o mesmo doar num local ou noutro, porque o sangue vai sempre para onde ele é preciso. E se janeiro, um mês tradicionalmente fraco em dádivas, já estava 10% abaixo em relação ao ano passado, esse decréscimo foi esbatido com a solidariedade dos portugueses e as reservas já aumentaram.
Mas nunca se pode cantar vitória totalmente, porque todos os dias são precisos, em média, mil unidades de sangue para doentes Covid e não Covid – há doenças que exigem transfusões constantes. É por isso que Maria Antónia Escoval apela a uma “dádiva faseada”. Torna-se importante não esquecer que o sangue tem prazo de validade, que varia entre os 35 e os 42 dias, e os homens só podem dar de três em três meses enquanto as mulheres é de quatro em quatro meses.
A DGS anda à procura de voluntários
No site da Direção Geral da Saúde há um separador que responde à nossa pergunta do título – “Quer ajudar o Serviço Nacional de Saúde?” Saiba que é aqui que se inscreve como voluntário ou para contribuir com equipamentos, serviços ou outros apoios, que tanto podem ser em nome de uma empresa ou instituição como a título individual.
Depois de preencher o formulário e mostrar quais são as suas valências e disponibilidades de região e horário, é só esperar que o chamem. Neste momento, há quase mil pessoas que estão a ajudar, nas mais variadas áreas, da psicologia à enfermagem passando pela informática.
Fonte:Visão
Foto: Horacio Villalobos/Corbis via Getty Images