
Ativistas tentam forçar entrada em canil ilegal na Feira
Depois do resgate de vários animais no canil ilegal na Serra da Agrela, em Santo Tirso, as atenções dos amigos dos animais viraram-se, esta tarde, para outro canil ilegal existente, há vários anos, em Santa Maria da Feira.
Alguns dos mais de 200 ativistas que se encontram, esta terça-feira à tarde, à porta de um canil ilegal em Canedo, Santa Maria da Feira, depois de uma mobilização nas redes sociais, tentaram forçar a entrada no espaço, apesar das garantias de um ativista que visitou o canil de que os cães estão a ser bem tratados. Um vereador municipal garantiu o mesmo, mas o grupo não acredita nesta informação.
Ao início da tarde, Berta Brazão, proprietária do terreno e fundadora do abrigo, alertou a GNR para a mobilização de ativistas para um protesto em frente ao espaço, com medo que fosse tentada uma invasão. Pouco depois, uma carrinha em que seguia com animais ficou danificada e seis cães foram levados pelo grupo que se concentrou à porta do abrigo. "Eram cães que levava para os donos. Estas são pessoas que querem protagonismo e não o bem-estar dos animais. Fui agredida", acusou.
Cerca das 16.15 horas, encontravam-se no local mais de duas centenas de pessoas sob o olhar atento de um contingente discreto de elementos da GNR. Para tentar serenar os ânimos, o vereador municipal da Feira, Vítor Marques, revelou que visitou as instalações e que os animais estão bem tratados. Reconheceu que no passado houve registo de maus-tratos, mas não neste momento. "Já vi espaços melhores, mas também já vi espaços muito piores do que este. Os animais não estão a ser vítimas de maus-tratos", reiterou o vereador.
Pouco depois, Emanuel Malta, da associação de proteção animal APADO Ovar, visitou também o recinto e reiterou a informação de que tudo estaria bem dentro do abrigo, mas tal informação não acalmou as pessoas, tendo um grupo tentado forçar a entrada. Foi travado pelos militares da GNR presentes no local. O veterinário municipal está a fazer uma inspeção ao espaço e fará um relatório com os dados que conseguir recolher.
Ao início da tarde, um elemento do grupo de defesa dos animais IRA esteve no abrigo da Associação DZG Canedo - Ajuda Animal Sem Fronteiras, tendo filmado as instalações e ido embora. Vários elementos de associações de animais estão a ser convidados a entrar no espaço, confirmando que a situação não é semelhante à encontrada ali no passado, apesar de haver situações que preocupam alguns ativistas.
Antes, o vereador Vítor Marques tinha confirmado ao JN que este local de recolha dos animais "está ilegal" e que há vários anos a autarquia tem tentado minimizar o problema, encontrando alternativas de adoção. "Tem havido articulação da autarquia com associações de defesa animal. Havia cerca de 150 animais e agora estão lá pouco mais de 50 e em melhores condições", referiu. Confirmou ainda que existem "vários processos-crime a decorrerem nos tribunais", considerando que cabe, agora, ao Ministério Público promover alguma ação mais concreta.
Vítor Marques revelou que há, ainda, processo a decorrer na secção de urbanismo da autarquia devido à ilegalidade das construções ali efetuadas. Contudo, qualquer ação com vista à demolição das mesmas estará também pendente do acolhimento dos animais noutro local. "A situação preocupa-nos há muito tempo e temos por isso tentado diminuir o impacto das condições negativas nos animais", referiu o vereador.
Berta Brazão lembra que alguns daqueles animais estão já destinados a adoção. "Espero que não venham roubar os animais, porque isso só irá complicar o futuro deles", alerta a proprietária. Afirma, ainda, ser necessário que todos os que contestam este tipo de instalações "se desloquem para as juntas de freguesia, câmaras municipais e Governo para exigir a esterilização massiva". "O ideal seria que não existisse necessidade de abrigos. Mas as pessoas deixam-nos os cães constantemente e tentamos dar-lhes as melhores condições possíveis", referiu.
Fonte: "Jornal de Notícias"