Portugal entre os países a vermelho que precisam de entrar em ação
O grupo EndCoronavirus.org, em que colaboram cientistas de todo o mundo, coloca-nos na cauda da luta contra o novo coronavírus – ao lado da Suécia, do Reino Unido e dos Estados Unidos
Portugal está longe de derrotar o novo coronavírus e precisa de entrar em ação rapidamente. A conclusão é do EndCoronavirus.org, um grupo internacional de mais de quatro mil cientistas que monitorizam os dados da infeção em todos os países, dividindo-os em três classificações/cores: os que “estão a vencer” (verde), os que “estão quase lá” (amarelo) e os que “precisam de entrar em ação” (vermelho).
Desde 29 de fevereiro deste ano que as estatísticas publicadas por esta organização, em que colaboram especialistas do New England Complex Systems Institute (Necsi) e de várias universidades, todos voluntários, ajudam a perceber o rumo da Covid-19 no mundo.
Os critérios de classificação são simples. Para conter completamente o vírus, os novos casos por dia devem ir a zero. Olhando para os vários grupos, veem-se curvas mais ou menos acentuadas e, sobretudo, três cores de leitura imediata.
Os países “verdes” estão nesse ponto ou estão muito próximos. Os “amarelos” são aqueles que podem chegar a esse ponto dentro de um prazo razoável, mas ainda precisam de diminuir as novas infeções para ficarem “verdes”. Os “vermelhos” estão a ir na direção errada, com constantes casos novos ou a caírem muito lentamente.
Os dados mais recentes coligidos pelo EndCoronavirus.org colocam no “verde” 44 países, entre eles a Austrália, a Finlândia e a Grécia. No “amarelo” estão 17 países, entre eles a China, a Espanha, a França e a Itália. E no “vermelho”, entre os 70 países que devem tomar medidas urgentes, está Portugal, a Suécia, o Reino Unido e os Estados Unidos.
Note-se que, há uns dias, a China integrava o grupo dos países “verdes”, tendo recentemente passado a “amarelo.
Depois de um pico acentuado e de uma queda abrupta, a curva portuguesa mostra-se novamente a subir – e bem vermelha. Nas últimas 24 horas, registámos mais um morto e 336 novos casos de infeção. Dos 37 672 confirmados, nesta quarta-feira, 17, estamos com 12 569 casos ativos e um total de 1 523 mortes.
Os cientistas do EndCoronavirus.org lembram que o número total de casos confirmados de Covid-19 (que o grupo mede a partir de uma média da semana anterior) são influenciados por dois fatores: o número total de infeções na população e a quantidade de testes a ser realizados. “É possível que regiões altamente infetadas mostrem um pequeno número de casos confirmados se o teste for insuficiente, razão pela qual a taxa positiva de teste é um fator tão importante”, notam.
Conselhos ‘para vencer’
À guisa de conselhos, apontam várias medidas que os países devem adotar se querem “ganhar” a batalha contra o novo coronavírus:
- Entrar em ação rapidamente. “Não espere ‘mais dados’ ou resultados de modelos complicados. Ainda não é tarde para começar agora. Quanto mais cedo agir, mais cedo tudo poderá voltar ao normal.”
- Isolar longe de casa. “Prepare instalações para isolar os indivíduos infetados dos seus familiares. Cerca de 80% da transmissão em Wuhan [na China] aconteceu em casa.”
- Restringir as viagens. “Se estiver numa zona verde, com pouca ou nenhuma transmissão comunitária, imponha restrições de viagens e reabra a economia local. Para as zonas vermelhas, restrinja as entradas e tenha quarentenas obrigatórias para evitar a propagação do vírus.”
- Enorme quantidade de testes. “O teste permite identificar os indivíduos infetados e separá-los do resto da comunidade.”
- Máscaras para todos. “Reduzir a transmissão fazendo com que todos usem uma máscara facial é simples, barato e altamente eficaz.”
- Continuar a praticar o distanciamento social. “Fique longe de áreas movimentadas e mantenha a maior distância possível entre os vizinhos mais próximos. Aqueles que têm comorbidades (idosos, excesso de peso, imunodeprimidos etc.) devem ser os últimos a serem reintroduzidos na sociedade, por serem os mais vulneráveis.”
- Não reabrir muito cedo. “A reabertura demasiado cedo corre o risco de provocar um crescimento exponencial novamente. Pode aumentar a quantidade total de mortes, sobrecarregar o sistema de saúde e criar um cenário em que outro é necessário um novo confinamento.”
Fonte:Visão