
"Maias" o ritual antigo que marca o início deste mês
As casas floriram-se! Que comece, maio, pois então.
Apesar de ser comemorado um pouco por todo o país, as “Maias” é um ritual muito peculiar que marca a transição do dia 30 de abril para o dia 1 de maio. A atividade, normalmente, é levada a cabo à noite, altura em que diversas pessoas dispõem giestas coloridas (as chamadas “Maias”) nas entradas das habitações.
Manda a tradição que se enfeitem portas, janelas e outros locais com flores e giestas amarelas e, nalgumas regiões, com bonecas de palha enfeitadas.
O objetivo deste ritual, diz-se, é assinalar a fuga de Jesus com Maria e José para o Egito, após um anjo avisar os Reis Magos que Herodes o tencionava matar.
Na altura, o rei Herodes da Judeia pretendia assassinar todas as crianças, com vista a impedir que um então desconhecido recém-nascido se tornasse no “Rei dos Judeus”, como proferido numa premonição, e assim ameaçasse o seu trono.
Essa criança era Jesus e segundo a lenda, após ter sido identificada a casa onde a sagrada família pernoitava, um denunciador colocou um ramo de giesta na porta da casa para que os soldados de Herodes identificar a casa e levá-lo. Mas, quando os soldados se dirigiram à cidade depararam com todas as portas enfeitadas com ramos de giesta florida. Assim os soldados não puderam cumprir a sua ordem real.
Embora esta tradição tenha uma certa ligação religiosa, ela também está conotada a rituais supersticiosos de pessoas que pretendem afugentar o mau olhado e as enfermidades.
“As Maias” trata-se de um ritual celebrado principalmente no Norte, mas também tem tradição em Trás-Os-Montes e nas Beiras onde a cerimónia está ligada à ingestão de castanhas. “Quem não come castanhas no 1º de Maio, monta-o o burro”, diz uma expressão local.