Novo Banco: a maçã que continua a contaminar a economia nacional?
O Novo Banco precisa de mais dinheiro… de novo, mas várias entidades bancárias já contestam.
1149 milhões de euros – É o equivalente ao salário mínimo anual de cerca de 140 mil portugueses, quase metade dos que se estimam estar desempregados. Dava para construir 190 escolas EB23, construir 9 hospitais sofisticados, tais como o futuro Hospital Central da Madeira, ou até mesmo criar 11 490 casas avaliadas em 100 mil euros… (uma autêntica cidade).
E o motivo da necessidade do Novo Banco? É aqui que nasce a controvérsia deste banco que tanto tem atormentado a opinião pública. A maior parte dos gestores de entidades bancárias privadas não entende a necessidade de nova injeção de capital e, acima de tudo, porque este valor é tão elevado. A economia tem crescido em Portugal nos últimos anos. Os quatro maiores bancos no país apresentaram lucros assinaláveis, mas o Novo Banco, não só não consegue acompanhar esta tendência, como ainda vive no exato antípoda, apresentando prejuízos anuais tão grandes como 1400 milhões, apenas em 2018.
Estigmatizado pela má reputação do seu antecessor, o Banco Espírito Santo teve gestão danosa por parte de Ricardo Salgado, como foi aliás sentenciado pelo Tribunal da Regulação. O antigo “homem forte” do BES viu-se livre da prisão por uma multa de 3,7 milhões de euros, quando a sua esposa sozinha, o ano passado, declarada como “dona de casa”, terá acumulado mais de 100 milhões de euros num offshore no Panamá.
O “Novo Banco” que não consegue dissociar-se do antigo banco, se calhar pela opção pouco acertada do seu nome, como alguns defendem, pediu em apenas dois anos 2 mil milhões de euros e, desde a sua criação, já exigiu das contas públicas um valor de 6 mil milhões de euros, o mesmo valor que a Altice deu por uma das mais lucrativas empresas portuguesas do mercado, a Meo.
CRÍTICAS DO SETOR BANCÁRIO
Segundo o jornal “O PÚBLICO”, a chuva de críticas ao Novo Banco não tem parado à Lone Star, fundo americano de investimento que comprou o banco. Muitos peritos questionam o que os gestores Eduardo Stock da Cunha e António Ramalho terão feito estes anos para evitarem esta nova catástrofe e insinuam que estejam mesmo a apresentar contas incorretas desde 2014.
"REDE DE SEGURANÇA"
Em 2014, o antigo Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho, definiu uma rede de segurança através de um Fundo de Resolução financiado pela própria banca de forma a se proteger de uma possível contaminação do Novo Banco. O valor do sistema de salvaguarda para situações de emergência chegava ao total de 3,89 mil milhões, mas apenas em 2 anos da gerência da Lone Star a entidade bancária esgotou mais de metade do seu plafond.
É aqui que nasce uma nova controvérsia. Mário Centeno, ministro da Economia, diz que qualquer cenário de novo financiamento do Novo Banco não sairá dos bolsos dos contribuintes, mas sim do referido Fundo de Resolução.
“Não há nenhum euro dos impostos dos portugueses a ser utilizado na operação”, considera. “No futuro, o Fundo de Resolução vai pagar este empréstimo ao Estado, em 30 anos, com as contribuições do setor bancário“, afirmou recentemente à RTP.
O problema é que o Fundo de Resolução é um fundo de maneio que tem por base empréstimos do Estado. Desta forma, para além de todos os riscos inerentes de um fundo desta natureza, é de certa forma falacioso dizer-se que não serão em primeira instância os contribuintes a terem que realmente pagar mais um problema de liquidez do “Novo Banco”, consideram alguns peritos.