Palavras que passámos a usar e frases mais marcantes
O que dissemos e o que ouvimos em 2018, numa seleção de frases que tiveram a sua importância.
Bella Ciao
La Casa de Papel, a história do assalto planeado pelo Professor à Fábrica Nacional de Moneda y Timbre, em Madrid, chegou à Netflix, no Natal passado, e viralizou. Com o êxito desta série espanhola veio o regresso da música Bella Ciao, símbolo da resistência italiana durante a II Guerra Mundial. Tornou-se banda sonora do XI Congresso do Partido Socialista Europeu, reunido em Lisboa, e também foi a música predileta dos que resistiram a Bolsonaro. Quantas vezes esta canção não lhe saiu da cabeça?
Tóxico
Eleita palavra do ano pelos dicionários britânicos Oxford, por ser usada em vários contextos, desde discursos políticos, com incidência no cenário do pós-Brexit e nas discussões relacionadas com o ambiente, mas também em causas sociais, ainda no seguimento do movimento #MeToo, apelidando a postura dos homens acusados de assédio sexual de “masculinidade tóxica”.
“Foi chato, mas amanhã é um novo dia. O crime faz parte do dia a dia."
Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, falava após a invasão da Academia de Alcochete, em que membros das claques agrediram jogadores e equipa técnica do clube de Alvalade, em maio.
“A tauromaquia não é uma questão de gosto, é uma questão de civilização.”
Graça Fonseca, ministra da Cultura, recém-chegada ao Governo, na sua primeira intervenção no Parlamento.
“Meditei bastante, inclusive dormi no Seixal, a decisão foi amadurecida. Foi uma luz que me deu.”
Luís Filipe Vieira, presidente do Sport Lisboa e Benfica, sobre a continuidade de Rui Vitória como treinador do clube, no final de novembro.
Caravana
Desde outubro, quando algumas dezenas de pessoas saíram das Honduras, a pé, que todos os dias se ouve falar desta longa e difícil viagem dos migrantes da América Central a caminho dos EUA. Simbólica numa altura em que governa Donald Trump, o homem dos muros.
“Sinto muito ter de acabar assim.”
Naomi Osaka, tenista haitiana-japonesa, após vencer o Open dos Estados Unidos da América, numa partida marcada por grandes penalidades contra Serena Williams.
Populismo
De cada vez que as pessoas perdem a confiança nos seus líderes políticos, abre-se caminho para esta doutrina se disseminar entre o povo. O movimento populista tanto vem da esquerda como da direita, quer de regimes democráticos quer autoritários. Dos EUA às Filipinas, do Brasil à Turquia, da Venezuela à Itália, o populismo é o novo normal. Vejamos até quando Portugal se mantém imune.
“Fake news”
Em tempos de guerra da informação mundial, o uso e abuso da mentira tornou-se uma das armas mais poderosas, mas boatos sempre existiram. É difícil, por vezes, não acreditar no que é disseminado nas redes sociais como se de verdades irrefutáveis se tratasse. À boleia das fake news nasceu uma indústria de criação de perfis falsos ou de manipulação de imagens, assim como novos negócios jornalísticos de fact-checking, porque há sempre os dois lados da mesma história.
Greve
O Governo socialista está quase a igualar os 399 pré- -avisos de greve comunicados durante toda a legislatura anterior, de Passos Coelho. Enfermeiros, professores, estivadores, guardas prisionais, transportes, magistrados do MP, juízes, funcionários públicos, trabalhadores do Fisco, funcionários dos supermercados, inspetores do SEF, seguranças dos aeroportos e bombeiros, todos lutam por aumentos salariais, descongelamento de carreiras, enfim: melhores condições de trabalho.
“Na verdade, ao longo da minha vida, os meus dois grandes trunfos sempre foram a estabilidade mental e ser, tipo, mesmo esperto.”
Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos da América, no Twitter.
Mundial
A propósito do campeonato do mundo de futebol, que aconteceu na Rússia, durante o verão, “mundial” foi a palavra mais pesquisada no Google pelos portugueses, mas os temas à volta do Mundial de futebol foram também dos que mais interessaram, de uma forma geral, no resto do mundo. A eterna hegemonia do futebol.
“Vocês, petralhada, verão uma Polícia Civil e Militar com retaguarda jurídica para fazer valer a lei no lombo de vocês.”
Jair Bolsonaro, no discurso de campanha, em São Paulo, para as eleições presidenciais brasileiras
Assédio
Os casos de assédio talvez tenham sempre existido. A grande diferença está na facilidade (ou não) de os denunciar de forma pública. Apesar de os comportamentos serem cada vez mais escrutinados, os constrangimentos existem e as mulheres continuam a ser o elo mais fraco.
“A educação é quando a avozinha ou o avozinho vai lá a casa e a criança é obrigada a dar o beijinho à avozinha ou ao avozinho. Estamos a educar para a violência sobre o corpo do outro e da outra desde crianças.”
Daniel Cardoso, professor universitário e ativista da diversidade sexual e de género, no programa Prós e Contras da RTP, ao falar sobre consentimento.
Tancos
Desde o verão do ano passado, nunca se falou tanto desta localidade no distrito de Santarém. Toda a história do material militar roubado dos paióis nacionais de Tancos dá um belo argumento de um policial com laivos de comédia. A primeira grande remodelação do Governo a este caso se deve, tal como a luta de galos entre Polícia Judiciária e Polícia Judiciária Militar. E agora mais oito suspeitos engrossam os protagonistas desta “novela”.
“O facto de tu deixares as manhãs, a TVI e o Manel [Luís Goucha] é quase semelhante à morte da princesa Diana, porque as pessoas não estão preparadas para isso.”
Cristina Ferreira, apresentadora, conta o que uma amiga lhe disse sobre a sua saída da TVI para a SIC, considerada a contratação televisiva do ano e uma das mais caras de sempre.
Fonte: Visão