
Falta de sol não prejudica colheitas mas pode afetar qualidade
O clima húmido não afeta a quantidade das colheitas, mas compromete o sabor.
Apesar do tempo instável registado nos últimos meses, o volume das colheitas é “bom”, mas a qualidade dos produtos pode ser afetada por falta de sol, referiu à Lusa a Confederação Nacional de Agricultura (CNA).
“As colheitas deste ano, em geral, são boas, embora haja nuances. Há produções permanentes (frutas) com volumes de colheitas bastante assinaláveis, acima do normal, o mesmo acontece com o azeite. Também há que diferenciar o azeite produzido no olival [tradicional] do ‘óleo de azeitona’, mais produzido no olival superintensivo, que gosta e precisa de água”, expressou o dirigente da CNA, João Dinis.
As produções mediterrâneas a céu aberto, como frutas e hortícolas, precisam de muito sol e este tem estado em falta. Daí, “a qualidade, mais entendida até como o bom sabor, não é a melhor e [há] ainda produções desta época que se atrasam na sua maturação, [precisamente] pela falta de sol”.
A agricultura familiar também tem sofrido com o clima mais húmido, que possibilita um exagerado crescimento de ervas e retarda o trabalho da maquinaria durante a colheita, e por conseguinte, somam-se custos de produção.
“As culturas permanentes – para além da floresta – sofreram bastante com os incêndios florestais. Arderam olivais, pomares, vinha e também apicultura e pecuária no geral, o que implica a redução destas produções nas regiões onde passaram os piores incêndios e que também provocaram perda de rendimentos”, salientou.
Para João Dinis da CNA, o vazamento de bens agroalimentares permanece com a “ditadura” comercial dos hipermercados, deixando “o pequeno e médio produtor de base familiar sem acesso às prateleiras.”