A presidente e líder parlamentar do CDS-PP, Assunção Cristas, disse que irá apresentar uma moção de censura ao Governo por, no seu entender, ter "falhado" na proteção da população, no decorrer dos incêndios que deflagraram no domingo por todo o país.

A moção deverá também ser votada favoravelmente pelo PSD que  deseja destituir o Governo, por aquilo que considera ter sido a má gestão do mesmo no decorrer dos fogos.

Mas a moção de censura nunca terá efeitos práticos a menos que a CDU, ou o Bloco de Esquerda votem favoravelmente no mesmo, algo que pelo menos a CDU disse não iria fazer. 

Segundo o líder dos comunistas, Jerónimo de Sousa, os fogos não devem ser usados "como pretexto para manobras parlamentares que visam objetivos políticos e partidários". 

O estranho número de incêndios que ocorreram em Portugal (523) apenas no domingo tiveram eco por todo o mundo e levaram mesmo alguma imprensa estrangeira a acreditar que existirá uma espécie de "cartel do fogo" por trás com vista à obtenção de lucros financeiros. 

Um dos jornais que se debruçou sobre o assunto foi o "El Mundo". De acordo com o periódico, segundo os cálculos das autoridades, as empresas integrantes daquilo que designam como "Cartel do Fogo", juntas, lucraram cerca de 100 milhões de euros só  em operações realizadas em Espanha e Portugal.

Essa alegada entidade estará a ser investigada desde 2015, sob o nome de ‘Operação Concentração’ e envolverá as empresas ‘Avialsa’, ‘Espejo’, ‘Martínez Ridao’, ‘Cegisa’ e a ‘Faasa’, cujos representantes juntar-se-ão várias vezes por ano num hotel chamado ‘El Curce’.

Assunção Cristas é uma das autoras da "Lei do Eucalipto" correspondente ao decreto 96/2013 que liberalizou a plantação de eucaliptos em pequenas propriedades, e é também uma das responsáveis pela fusão do Instituto de Conservação da Natureza (ICNB) e da Autoridade Florestal Nacional (AFN) num organismo apenas.

Os eucaliptos encontram-se entre as espécies que mais iniciam e propagam fogos florestais.