Dois abrigos de Santo Tirso estão a ser investigados por alegados maus tratos a centenas de animais. As denúncias em causa foram feitas através de vídeos publicados nas redes sociais onde é visível a falta de condições de salubridade de ambos os locais.

Joana Dias Santos, denunciante que recolheu imagens dos locais, chega mesmo a descrever o cenário como “dantesco”. “Cães acorrentados por todo o lado, saudáveis, doentes, novos, velhos, alguns que já desistiram da vida e estão apenas a aguardar que a morte chegue. Existem roulottes pequenas, fechadas, onde não corre ar, cheias de cachorros adultos e bebés, no meio de urina e fezes, com um cheiro nauseabundo capaz de intoxicar quem quer que se aproxime”, relata.

Ambos os abrigos, “O Cantinho das Quatro Patas” e “Abrigo de Paredes”, estão localizados na serra da Agrela (Sobrado) a escassos quilómetros um do outro.

“Encontramos pão com bolor, ossos podres, ração podre, água com verdete, pulgas, lama, fezes, urina, por TODO o lado! Os animais imploram para que lhes sejam abertas as portas ou tirados os cadeados…e é impossível não sair daquele inferno de coração despedaçado”, escreve Joana Dias Santos no facebook, numa publicação que conta já com mais de 8 mil partilhas.

O testemunho de Joana Santos desencadeou a revolta e indignação de várias pessoas e entidades e há já um processo-crime contra os dois abrigos movido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.

"O assunto está a ser acompanhando e corre em tribunal um processo-crime a esses dois abrigos (na Serra do Sobrado, Santo Tirso), para apurar um eventual crime de maus tratos a animais de companhia. São dois abrigos próximos e as pessoas envolvidas são as mesmas", revelou António Ferreira do processo que corre na 2.ª secção do Departamento de Investigação de Ação Criminal do Porto (DIAP).

Contactada pela Santo Tirso TV, a proprietária do “Abrigo de Paredes”, Maria José, desmente as denúncias de maus tratos aos animais embora admita que, nos últimos tempos, o abrigo em questão não tenha sido cuidado como a própria desejaria. “Dávamos de comer e beber. Fazíamos o máximo pelos animais. Está sujo? sim! Mas a minha mãe teve um AVC. Tínhamos que ir a Amarante todos os dias e só podíamos fazer o essencial”, justifica-se Maria José apontando outros motivos para o lixo existente no local. “Acontece tudo ao mesmo tempo, e em pleno inverno, com a lama, com a chuva. Isto está a ser muito complicado”, avança.

Confrontada com a situação, a responsável do “Abrigo de Paredes” que recusou receber a Santo Tirso TV por alegada “falta de tempo”, diz querer apenas ajudar e interpreta as acusações como difamação. “Isto parece delírio colectivo de histeria. Ninguém me ajuda. Porque é que as pessoas têm tanta maldade para quem quer ajudar animais? Eu não percebo”, reitera Maria José.

Por outro lado, Alexandra Santos do “Cantinho das Quatro Patas” rejeitou mostrar o local à Santo Tirso TV mas adiantou via email que, neste abrigo, não existem animais em mau estado. “É manifestamente falso a afirmação de que temos animais em mau estado no nosso abrigo, certamente, que a existir algum registo fotográfico ou de vídeo, o mesmo reporta-se a animais que por terem sido abandonados estão na zona circundante do nosso recinto”. A responsável do abrigo contradiz as várias queixas relativas à falta de condições de sobrevivência dos animais. “Quanto aos animais que estão no nosso abrigo, é falso que estejam sem água, pois cada animal tem à sua disposição um recipiente com água fresca que é mudada diariamente. Igualmente falsa é a afirmação de que os nossos animais não têm comida, pois todos os animais têm ao seu dispor, diariamente, um recipiente com ração seca de cão, distribuída a todos no período da manhã”, esclarece.

Ambos os casos estão já a ser investigados pelas entidades competentes.

Vídeo amador recolhido por denunciante: