E se um vírus pudesse matar o cancro?

A agência do medicamento norte-americana (FDA) aprovou um medicamento à base de um vírus modificado para combater o melanoma, a forma mais agressiva de cancro da pele.

Ciência e Tecnologia

04 NOV '15
Tempo de leitura: 4 min

A radioterapia e a quimioterapia, embora continuem a ser os tratamentos mais usados para combater o cancro, têm efeitos secundários que comprometem o bem-estar dos doentes e, por vezes, mostram-se ineficazes para acabar com doença. As equipas especializadas no estudo do cancro têm tentado encontrar formas alternativas de vencer as células cancerígenas. Uma delas, agora aprovada pela agência do medicamento norte-americana (FDA, na sigla em inglês para Food and Drug Administration), usa um vírus como um cavalo de Tróia para conseguir entrar dentro das células.

 

O medicamento Imlygic (cujo princípio ativo é talimogene laherparepvec, ou T-Vec) é a primeira terapia à base de vírus aprovada pela FDA para o tratamento de cancro, segundo o comunicado da agência na semana passada. Este medicamento consiste de um vírus herpes (como aquele que provoca herpes labial) modificado e vivo. O objetivo é que entre dentro da célula cancerígena, a destrua e que, ao mesmo tempo, liberte um pedaço de um gene que vai estimular o sistema imunitário do doente a atacar aquelas células, como explica o Guardian.

 

Este medicamento destina-se apenas ao tratamento de lesões na pele causadas por melanoma (a forma mais agressiva de cancro de pele) que não possam ser removidas por cirurgia, refere a FDA. Em 16,3% dos doentes testados, que já tinham metástases no corpo, o medicamento mostrou que podia reduzir o tamanho das lesões na pele e nos nódulos linfáticos – contra 2,1% dos doentes sujeitos a outro tipo de terapia (grupo controlo). Porém, e como refere a FDA, Imlygic não mostrou ter qualquer efeito no aumento da taxa de sobrevivência nem nos casos em que as metástases se tinham chegado ao cérebro, fígado, pulmões, outros órgãos internos e ossos.

 

Mais, a FDA desaconselha o uso deste tratamento em pessoas que tenham o sistema imunitário comprometido e em grávidas, porque, como é usado um vírus vivo, pode surgir uma infeção viral. Outros efeitos secundários são: fadiga, arrepios, febre, náuseas e sintomas equivalentes aos de uma gripe.

 

A principal vantagem das terapias à base de vírus ou de outros mecanismos, como a imunoterapia, em relação à radioterapia e quimioterapia, é que atacam alvos específicos em vez de matarem outras células do organismo que não estão envolvidas no cancro.

 

Uma descoberta recente, e acidental, mostrou que até o parasita da malária (Plasmodium) pode ter algum potencial no combate ao cancro. O parasita tem um açúcar à superfície capaz de se ligar às células cancerígenas e os investigadores querem recriá-lo em laboratório.A este açúcar, os investigadores podem ligar uma toxina que consegue entrar dentro das células do tumor e matá-las.

 

O que algumas equipas de investigação têm verificado, como a equipa de Bruno Silva Santos, investigador do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, é que o sistema imunitário não consegue vencer o cancro, porque as células cancerígenas têm a capacidade de travar a resposta imunitária. A FDA também já aprovou medicamentos que permitem desligar estes travões e alguns deles até já podem ser adquiridos em Portugal. Mais uma vez, os tratamentos estão aprovados para o melanoma metastático, mas existe potencial para os vir a utilizar noutro tipo de cancros.

 

Investigar novos tratamentos e novos medicamentos pode representar custos elevados, daí que um projeto coordenado pela Universidade Médica de Viena se queira dedicar ao estudo de novas utilizações para medicamentos já conhecidos. Todos os medicamentos incluídos no projeto – “CaSR Biomedicine” – têm como alvo um recetor de cálcio (calcium-sensing receptor), cujo mau funcionamento é comum a doenças como cancro, diabetes, doenças cardiovasculares ou Alzheimer. Como estes medicamentos já se mostraram seguros e já foram aprovados para o uso em humanos, descobrir novas utilizações diminuía o tempo e os custos de aprovação, tornando-se mais rapidamente disponíveis para o uso clínico.

 

Fonte: Observador

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