Portugal será o país europeu com menor percentagem de população ativa

Projeções colocam Portugal, em 2050, com 1,6 pessoas em idade ativa por cada idoso, hoje estamos nos 2,9. Migrações serão determinantes.

País

17 MAI '21
Tempo de leitura: 4 min

O pico do inverno demográfico está previsto para 2050, ano em que Portugal será o país da Europa com a mais baixa percentagem de população em idade ativa - 53,6%, contra os atuais 64,5%. Teremos 1,6 pessoas potencialmente ativas (15-64 anos) por cada idoso. Proporção hoje nos 2,9 e que chegou a estar nos 8 por cada idoso nos anos 60. Se as projeções do Eurostat se confirmarem, dentro de 30 anos teremos o dobro de óbitos sobre nascimentos. Colocando o futuro demográfico do país nas migrações.

 

O gabinete de estatísticas europeu atualizou as suas projeções, analisando regiões e sub-regiões. Se o cenário de contínuo envelhecimento não surpreende, a sua dimensão territorial traz dados novos à discussão. Para um índice de dependência de idosos de 63 pessoas por cada 100 em idade ativa (hoje, nos 34,2), o Alentejo Central chegará aos 79,2. Do lado oposto, a Área Metropolitana de Lisboa (AML), nos 54, praticamente em linha com a média projetada para a União Europeia.

 

O que se explica tendo em conta que, nos próximos 30 anos, apenas a AML e o Algarve irão ganhar população. No sentido inverso, regiões como o Douro serão das mais envelhecidas da Europa. Mas se às projeções do Eurostat retirarmos o impacto das migrações, a subida estimada de 5% na população da AML torna-se praticamente inexpressiva.

 

Com a pirâmide etária a vincar-se: em 2050, um terço da população terá mais de 65 anos (+12 pontos percentuais face à realidade presente) e o peso das crianças até aos 14 anos não chegará aos 13%. Cenário que se atenua de 2050 em diante, mas que não inverte tendência. E porquê 2050? "Porque é quando as gerações que nasceram num contexto de fecundidade elevada entram em idades superiores (+65)", explica, ao JN, a demógrafa Maria João Valente Rosa.

 

 

Nas mãos dos migrantes

Numa lógica irreversível, o futuro - de Portugal e da Europa - passa pelas migrações, tanto externas como internas. "Só as migrações podem atenuar estes níveis de envelhecimento", defende. E a mudança espoletada pela pandemia deve ser analisada e alavancada. Tendo presente esta "transformação digital", o "grande desafio será tentar atrair população estrangeira qualificada", frisa, por sua vez, Teresa Rodrigues, professora na Universidade Nova de Lisboa e autora do ensaio "Envelhecimento e políticas de saúde".

 

"É uma tendência mundial. Não temos de necessariamente residir nas áreas urbanas para lá trabalhar. É um potencial que as regiões têm de aproveitar", diz a demógrafa. E que deve ser acompanhado, prossegue Teresa Rodrigues, de investimento. Para chamar imigrantes e travar emigrantes. "A ideia é reduzir as assimetrias em qualidade de vida e bem-estar. E apostar na qualidade dos equipamentos, fundamentais para manter as pessoas. O que obriga a investimento na saúde, lazer, segurança", sublinha.

 

Numa lógica difícil: quanto menos pessoas os territórios têm, menor o investimento, menores os serviços, o que leva a mais saídas e menos população. O que "nos obriga a parar para pensar", avisa Maria João Valente Rosa. Para "quebrar o paradigma do despovoamento".

 

 

Atacar nos descontos ou nos salários?

O caminho foi posto em cima da mesa por um estudo da Fundação Calouste Gulbenkian. Face às previsões demográficas, o atual modelo de pensões é insustentável: ou se aumentam impostos ou se cortam benefícios sociais. Uma posição que não é consensual entre os especialistas. Para a professora da Nova de Lisboa Teresa Rodrigues, há outros caminhos, nomeadamente a "capacidade para que a população jovem se empregue nas áreas com competências" para as quais estudou. O que aumentaria as remunerações e, por conseguintes, as contribuições para a Segurança Social.

 

 

Fonte: "JN"

tags: Sociedade , País

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