Ginástica Rítmica: A exigência para alcançar a perfeição
A vida de um atleta implica determinação e muita disciplina. Conciliar a preparação desportiva com os bons resultados escolares é um desafio diário.
Sofia Campos tem 15 anos e é atleta de ginástica rítmica desde os cinco. Nesta modalidade só há uma maneira de trabalhar, insistir para alcançar a perfeição.
No Ginásio Clube de Santo Tirso, o treino começa e a cabeça esvazia. A concentração toma conta de tudo e não há tempo para pensar no que fica lá fora. Na verdade, não há tempo para quase nada: “Não posso desperdiçar tempo a fazer outras coisas que provavelmente a maioria dos jovens faz ao chegar a casa como, por exemplo, ver televisão. Mas se é mesmo isto que eu quero fazer, não me importo de abdicar disso."
Entre um exercício e outro, Sofia mantém o foco sem nunca desviar o olhar. Diz ser "muito determinada", facto que lhe permite lidar bem com o esforço, porém, confessa que "às vezes é difícil porque exige bastante treino, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e principalmente dedicação".
A vida de uma ginasta é exigente. Conciliar a preparação desportiva com bons resultados escolares parece ser uma tarefa complicada ou quase impossível, mas ainda assim a excelência pode ser alcançada.
“Nós treinamos cerca de cinco dias por semana, entre três a quatro horas, então torna-se um pouco difícil conciliar os estudos. No entanto, se no geral tivermos uma boa gestão do tempo, conseguimos", explicou.
Além da ginástica, dedica-se à música, em especial ao violoncelo. No meio da azáfama do dia a dia, nem sempre foi capaz de reconhecer as suas fragilidades e apesar da paixão pela modalidade, desistir já esteve na equação: “Estava a ser difícil conciliar a escola com a ginástica, penso que quando eu estava no 7º ano. Como sempre fui boa aluna, aqui disseram que me iam ajudar, que íamos trabalhar em conjunto e se eu continuasse a manter as notas da escola, ia tudo correr bem. No final, foi exatamente isso o que aconteceu."
Com um percurso também ligado à ginástica rítmica, Marta Moinhos é tirsense e assume há vários anos os comandos da modalidade no Ginásio Clube de Santo Tirso. Foram inúmeras as atletas que treinou e viu partir: "É uma modalidade individual muito exigente e a partir do momento em que chegam ao secundário ou à faculdade, é mais difícil de conciliar. Infelizmente, mais até aqui no nosso país, é nessa altura em que as ginastas desistem."
Quanto à Sofia, é "muito exigente consigo própria e não aceita muito bem a falha. E se calhar também devido ao percurso dela fora da ginástica. É quase excelente em tudo e depois aqui, como não consegue controlar tudo, fica mais nervosa e muito frustrada quando as coisas não saem como quer", descreveu.
A jovem atleta não esconde o sonho com as competições e treina exaustivamente para ser a melhor. Estava já no escalão de iniciada quando foi convocada para um estágio de observação da seleção nacional. O momento ficou marcado não só pela dificuldade, mas também pela "boa experiência e partilha de ideias".
“O trabalho é delas, mas claro que é também o reconhecimento de um treinador, não é? Quando o trabalho delas está a ser valorizado o nosso também está de alguma forma", evidenciou a treinadora com orgulho.
Sofia é apenas um exemplo de muitas outras ginastas que todos os dias enfrentam obstáculos para atingir objetivos e chegar ao topo. Os sonhos são imensos e pedem para "voar" o mais alto possível. Quanto ao futuro? A resposta é simples: “Alcançar uma boa classificação a nível nacional e voltar a ser chamada à seleção."
Por Márcia Gomes