Internet em aviões é porta aberta para hackers
Uma agência que trabalha para o Governo dos EUA afirma que tecnologias como o Wi-Fi podem permitir aos hackers aceder aos computadores dos aviões, comprometendo a segurança.
Assumir o comando, introduzir um vírus, pôr em causa a segurança do voo ou controlar os sistemas de navegação são algumas das hipóteses avançadas pelos investigadores.
O alerta é da agência independente Government Accountability Office (GAO), que elabora estatísticas e auditorias para Washington. Um dos autores do relatório, Gerald Dillingham, afirmou à cadeia CNN que são centenas os aviões comerciais que estão vulneráveis, entre os quais os Boeing 787 Dreamliner, e os modelos Airbus A350 e A380. Todos têm cockpits avançados que usam o mesmo sistema Wi-Fi dos passageiros.
"As modernas tecnologias de comunicação, incluindo a conexão por IP, estão a ser cada vez mais usadas nos sistemas aéreos, criando a possibilidade de pessoas não autorizadas acederem a esses sistemas, comprometendo-os", refere o estudo da GAO, elaborado a partir de entrevistas feitas a peritos em aviação e cibersegurança.
Apesar das situações apontadas e que, em teoria, expõem a vulnerabilidade das aeronaves mais modernas, Dillingham sublinha que há numerosos mecanismos de redundâncias inerentes aos sistemas que ajudam o piloto a corrigir um problema.
Segundo o relatório, "a conexão da cabine à internet deve ser vista como uma ligação direta entre o aparelho e o mundo exterior, o que inclui potencias ações maliciosas". Os peritos da GAO acrescentam que "um vírus ou software malicioso que se encontre em websites visitados pelos passageiros pode criar uma oportunidade para um hacker aceder ao sistema de informação a bordo ligado à internet, através dos equipamentos infetados".
Em teoria, um utilizador pode subverter a firewall e entrar no sistema do cockpit estando sentado na cabine.
A CNN também falou com o piloto comercial John Barton, que lembrou: "Tivemos hackers a entrar no Pentágono. Portanto, parece-me que aceder ao sistema informático de um avião será bastante fácil".
Phil Polstra, piloto experiente e professor na Universidade Bloomberg (Pensilvânia), considera que o relatório da GAO está repleto de incorreções e que a agência entregou o estudo a investigadores que não conhecem a fundo o funcionamento moderno dos aviões. Acrescenta que o controlo dos aparelhos não está conectado via Wi-Fi e que é uma "irresponsabilidade" a GAO afirmá-lo, pois gera alarme social.
Na opinião de Polstra, dizer que qualquer pessoa pode entrar no sistema de comando através dessa conexão faz tanto sentido como dizer que os passageiros poderiam fazê-lo apenas por estarem dentro do avião.
Fonte: JN