Mão Morta cantam parabéns ao «festival mais antigo do país»
Num momento emocionante, a banda de Braga convidou o público a cantar os parabéns ao «maravilhoso» festival Paredes de Coura. No concerto, reencarnaram o também aniversariante Mutantes S. 21, com alguns "desvios"
A ocasião é de festa e os Mão Morta, que esta noite regressaram a Paredes de Coura para revisitarem o álbum de 1992, Mutantes S. 21, não escapam à toada de celebração.
"Há 25 anos", disse a certa altura Adolfo Luxúria Canibal na sua voz cavernosa, "o mundo era muito diferente". Lembrando que foi sensivelmente há um quarto de século que nasceu, no anfiteatro natural do Taboão, «este maravilhoso festival», o líder dos bracarenses sugeriu então que o muito público que tinha perante si cantasse os parabéns ao evento minhoto.
"O mais antigo festival do país com edições regulares!", aplaudiu o carismático vocalista, que costumamos ver, com muita frequência, do lado de cá, ou seja, a assistir aos concertos enquanto grande fã de música que é.
Secundados por fantásticas projeções em todas as canções, os Mão Morta reencarnaram, como prometido, o seu álbum conceptual de 1992, visceral viagem pré-gentrificação (e a propósito do fascínio da banda pelo bas fonde pelas narrativas da decadência, vale a pena recordar esta entrevista de Adolfo Luxúria Canibal à BLITZ, há alguns anos).
Perante "uma bela mancha" de público, a banda foi de "Paris" a "Istambul", de "Berlim" a "Amesterdão" e "Barcelona", acabando o transviado inter-rail - que fez um "desvio" por "Velocidade Escaldante" - com o clássico "Bófia", já pedido pelo público. "Os nossos primórdios eram assim", apresentou Canibal, antes de, com costumeira teatralidade, se atirar a um dos momentos mais marcantes da noite, a par da também incontornável "Budapeste".
Há 25 anos, o mundo podia ser diferente, como bem lembrou o nosso anfitrião, mas os Mão Morta - entre gritos lancinantes, descargas de peso considerável e uma poesia inconfundível - não mudaram. O que, neste caso, é uma coisa boa.
Fonte:Blitz