Putin diz que doutrina militar russa mantém-se defensiva
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou esta sexta-feira que a nova doutrina militar russa vai continuar a ser exclusivamente defensiva, apesar da crescente atividade militar da NATO no leste da Europa após o início do conflito ucraniano.
"Apesar de tudo, a nossa doutrina militar não muda. Tem, como é conhecido, um carácter exclusivamente defensivo", disse Putin, ressalvando, no entanto, que a segurança dos russos será defendida "de maneira consequente e firme".
Durante uma reunião com altos cargos do Ministério da Defesa russo, Putin recordou, entre outras ameaças, o desenvolvimento na Europa "de um sistema escalonado de defesa antimíssil dos Estados Unidos", que Moscovo considera uma ameaça direta à sua segurança.
O chefe de Estado russo também destacou o aumento da atividade da NATO na Europa "em particular na Europa de Leste" depois de vários Estados aliados, como a Polónia e os países do Báltico, terem alertado sobre o expansionismo da Rússia após a anexação da península da Crimeia em março passado.
"Como sempre, a Rússia vai defender de maneira coerente os seus interesses e a sua soberania, vai procurar fortalecer a estabilidade internacional e vai defender uma segurança uniforme para todos os Estados e povos", assinalou Vladimir Putin, citado pelos 'media' russos.
Segundo o líder do Kremlin (sede da Presidência russa), o exército russo terá mais capacidade para enfrentar missões mais complexas, anunciando que em 2015 o país vai receber mais de 50 novos mísseis intercontinentais.
"Estas forças são um importantíssimo fator de contenção de equilíbrio global [de forças] e, praticamente, excluem a possibilidade de uma agressão de grande escala contra a Rússia", sublinhou.
O governante russo definiu como objetivo para 2021 a total modernização das forças nucleares terrestres e da aviação estratégica, em particular dos aviões Tu-160 e Tu-95MC, que transportam armamento nuclear.
Na mesma reunião, Putin negou que a Rússia tenha em vista a militarização do Ártico, apesar dos planos de Moscovo de abrir várias unidades militares naquela zona, nomeadamente no arquipélago da Nova Sibéria. Estas movimentações foram denunciadas por vários países com interesses na região.
"Mais uma vez, gostaria de salientar que não temos a intenção de militarizar o Ártico. As nossas ações nessa região têm um carácter contido e racional ao nível da sua magnitude, mas absolutamente necessárias para garantir a capacidade militar da Rússia", disse o Presidente russo.
Um alto funcionário do Conselho de Segurança da Rússia esclareceu hoje, em declarações à agência russa Ria Novosti, que a nova doutrina militar, que será aprovada antes do fim do ano, não vai incluir a hipótese de um exercício nuclear preventivo, informação que foi divulgada por vários meios de comunicação social.
Segundo fontes oficiais, a nova doutrina militar russa não introduz grandes mudanças face ao modelo aprovado em 2010, refletindo simplesmente as mais recentes dinâmicas da política exterior.